
Com as excentricidades particulares a toda sua obra,
os irmãos mais uma vez conseguem criar uma comédia diferente – ou estranha
mesmo – mas que é uma verdadeira homenagem à produção cinematográfica como
indústria. Ao mesmo tempo que reverencia esses “deuses” também os satiriza
violentamente em seus trejeitos,
exageros e idiossincrasias.
Centrado no personagem de Josh Brolin, o troncudo
Eddie Manix, o filme se desenrola paralelamente ao produção de um caríssimo
filme épico que tem o problemático Baird Whitlock (Clooney) como protagonista.
Manix é aquele cara que é contratado para resolver problemas. Não importa a
natureza ou a proporção – ele resolve. Acontece que Whitlock desaparece
misteriosamente e rapidamente Manix deve impedir que o Estúdio (o ficctício
Capitol Pictures) se envolva numa conspiração de natureza política.
Mesmo completamente assoberbado com esse sumiço de sua
grande estrela, Manix ainda tem que lidar com a gravidez indesejada de uma musa
de filmes de dança aquática (no melhor estilo Esther Williams), agradar um
diretor com aspirações grandiosas, formar casais e ainda despistar duas
jornalistas de fofoca, interpretadas brilhantemente por Tilda Swinton se
dividindo em papel de gêmeas.
Num elenco repleto de artistas do time A de Hollywood,
é novato Alden Ehrenreich que rouba a cena. O rapaz interpreta Hobie Doyle que,
inicialmente parece apenas um ator canastrão de faroeste espaguete, mas que
história reserva um importante papel.
O grande barato do filme é como os diretores conseguem
sublinhar a situação dos roteiristas de Hollywood a quem a indústria reserva
muito trabalho e pouco reconhecimento. E sem entregar muito do acontece no
filme, são eles que amarram todas as pontas do filme.
Na lista abaixo você pode conferir outros exemplos de
filmes sobre percalços que os roteiristas de cinema enfrentam:
Trumbo: Lista Negra (2015)
Baseado em fatos reais sobre o roteirista declaradamente comunista Dalton Trumbo. Bryan Craston recebeu uma indicação ao Oscar por sua atuação.
Virando a Página (2014)
Com Hugh Grant e Marisa Tomei. Comédia romântica centrada na vida de um roteirista que fez sucesso há tempo e desde então nunca mais emplacou outro grande sucesso. Quando, por motivos financeiros, ele é obrigado lecionar em uma Universidade sua vida acaba se transformando completamente.
Nine (2009)
Musical baseado na peça da Broadway de mesmo nome e, que, por sua vez é adaptada do clássico italiano 8 1/2 de Fellini. Esse fala mais da realização de um filme por um diretor, mas abrange todo o processo criativo (ou a falta dele, neste caso). Indicado a quatro Oscars.
Adaptação (2002)
Com roteiro de Charlie Kaufman e direção de Spike Jonze, esse filme é um clássico instantâneo. Meryl Streep, Nicolas Cage e Chris Cooper estão no elenco desse filme que narra os percalços de adpatar um livro para o cinema.
Cine Majestic (2001)
Jim Carrey em um raro papel dramático interpreta um roteirista de Hollywood que perde a memória e acaba sendo confundido com um jovem dado como morto na Segunda Guerra.
O Jogador (1992)
Obra prima de Robert Altman, com Tim Robbins no elenco. Um retrato amargo das políticas dos estúdios envolvendo um executivo de um grande estúdio que passa a ser chantageado por um roteirista que teve seu trabalho descartado. Indicado a três Oscars.
Barton Fink (1991)
Também dos irmãos Coen. Retrata as angústias de um escritor com um sério bloqueio criativo, que se envolve em uma complicada trama policial. Adivinhe o nome do estúdio. Isso mesmo. Capitol Pictures assim como em "Ave, César!".
Crepúsculo dos
Deuses (1950)
Clássico de Billy Wilder, com os mitos Gloria Swanson e William Holden. A estranha relação entre uma diva decadente do cinema mudo e um roteirista endividado promovido a michê que resulta em tragédia é um marco na história do cinema.
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