Uma das premissas dessa cinebiografia era tentar
buscar uma forma de quebrar os paradigmas narrativos pertinentes às biografias
tradicionais que tendem a ser lineares e obedecer uma ordem cronológica,
englobando o máximo de eventos possíveis ocorridos na história de seu objeto. E
com uma criatividade ímpar, Sorkin consegue condensar o filme em três eventos
chave criando uma fantasia tão convivente quanto original. Os eventos são: em
1984, ao lançar o machintosh; em 1988, ao lançar o NeXT (no hiato em que ficou
fora do comando da Apple) e em 1998, ao lançar o iMac (Já de volta à empresa
que o consagrou).
Esse recorte de 16 anos da vida de Jobs acaba deixando
alguns tópicos de fora, leia-se a fundação da Pixar, seus outros filhos (o foco
familiar é na conturbada relação com sua filha mais velha, Lisa Brennan Jobs) e
o câncer que encerrou sua vida em 2011. O roteiro foca em estabelecer a
identidade profissional e pessoal de Jobs em sua essência e não ser uma
biografia convencional que tenta mimetizar o que realmente aconteceu.
Com a história completamente movida por diálogos,
“Steve Jobs” pode ser considerada uma produção um tanto difícil para algumas
pessoas. Com certeza, não se espera que vá atrair um grande público (o filme
fracassou nas bilheterias americanas). Entretanto, o esmero com que Michael
Fassbender emprega à sua interpretação valem o valor do ingresso. É com muita
dedicação que o ator consegue reconstruir a personalidade vibrante e doentia da
mente por trás dos gadgets que dominam o mundo pós século XX.
Além da atuação fantástica de Fassbender, que vem
mostrando muito talento em quase todos seus últimos trabalhos (“Shame”, “12
Anos de Escravidão”), o filme ainda traz grandes performances de Kate Winslet, Jeff
Daniels e Seth Rogen. Winslet, acabou de levar o Globo de Ouro de Melhor Atriz
Coadjuvante por seu trabalho nesta produção, passando a perna na favorita Alicia
Vikander (“A Garota Dinamarquesa”). O
filme ainda arrebatou o Globo de Melhor Roteiro para Aaron Sorkin.
O grande mérito desse filme é levar com dignidade para
os cinemas a vida de um ser tão polêmico quanto genial numa película que faz
jus a sua grandiosidade. Mesmo que o resultado final seja um pouco cansativo
(apesar dos esforços da edição em deixar o roteiro mais dinâmico), “Steve Jobs”
merece ser visto como um tributo e reverência a uma das mentes mais visionárias
do mundo moderno.
Confira o trailer:
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