Em
2010, o Chile foi cenário para uma incrível história de sobrevivência e
determinação: o resgate de 33 mineiros aprisionados nos destroços de uma
centenária mina de extração de ouro por nada menos que 69 dias. As
circunstâncias ao redor dessa história já seriam suficientes para a criação de
uma surpreendente narrativa de ficção, portanto o fato de ser um caso
baseado em fatos reais torna o projeto ainda muito mais interessante.
Quando
os trabalhadores se deslocam de seus lares para mais uma jornada na já instável
mina, localizada em San Jose no Chile, a
diretora Patricia Riggen determina o tom de que algo de ruim está por vir. Por
questões dramatúrgicas, o filme se concentra em apenas alguns dos
mineiros e dá espaço para apenas alguns convenientes aspectos da comoção
internacional que o caso gerou.
O
líder Mario Sepúlveda, interpretado por um descontraído Antonio Banderas em uma
atuação corajosa, é o coração do filme. O carisma e integridade de seu personagem
são um ponto forte do longa. Outro destaque vai para Lou Diamond Phillips, que
se sai bem como o líder “destronado” em busca da redenção da culpa de saber que
o local era impróprio para o trabalho e ainda assim, permitir que aqueles
homens seguissem para aquela tragédia iminente.
Rodrigo
Santoro e Juliette Binoche são outros destaques do elenco. A escalação curiosa
da veterana atriz francesa é uma recompensa para essa aposta arriscada que só
com um talento como o de Binoche poderia superar. Santoro, por sua vez, entrega
uma atuação comedida, mas correta. Cabe ao seu personagem a difícil tarefa de
ser um elo entre o governo do Chile e a missão de resgate, administrando um
bom-mocismo com doses de realidade. Sua atuação seria perfeita se o ator brasileiro
não caísse na tentação da canastrice que volta e meia aparece. Felizmente,
esses momentos são breves.
Apesar
de “Os 33” ser um comovente retrato do incidente, o filme falha ao oferecer uma
abordagem ora superficial, ora superdramatizada, apelando para os mais óbvios
tipos de clichê. Entretanto, algumas cenas lúdicas, como a última refeição
entre os mineiros, ou dramáticas, como a exploração dos familiares lutando do
lado de fora da mina, são bem dirigidas e um diferencial para o resultado final
do longa. O filme tem ótimos pontos positivos como a trilha sonora e a
fotografia, contudo, se mostra fraco em termos de roteiro e conteúdo.
Esperava-se mais de uma história com tanto potencial para ser um grande filme
que aqui apenas sai como mediano.
Baseado
no livro de Hector Tobar, que foi escrito como um consenso dos 33
sobreviventes, a produção estreia no Brasil nesta quinta-feira, 29 de
outubro.
Confira o trailer: