
Uma
das virtudes mais palpáveis de “Nocaute”, que estreia nos cinemas brasileiros
nesta quinta-feira 10, é a entrega do ator Jake Gyllenhaal ao seu personagem –
o lutador de boxe Billy Hope. Com a habilidade já provada nos excelentes “O
Abutre”(2014) e “Os Suspeitos” (2013) , Gyllenhaal retrata com muito esmero um
homem talhado pela tragédia. A começar pelo corpo (ele está uma verdadeira
massa de músculos) até a alma (explorando as nuances mais profundas
de um papel que muito facilmente poderia se entregar ao melodrama), a parceria
entre Jake e o diretor Antoine Fuqua (de “Dia de Treinamento”) entrega ao
expectador uma avalanche de sentimentos medida pelo talento de ambos.
O
longa conta a história de Billy Hope, campeão de boxe na categoria meio-pesado,
que depois de uma fatalidade em sua vida pessoal entra em uma espiral de
depressão, uso de drogas e violência até perder tudo. Mesmo sua dignidade é
posta à prova. Uma trajetória interessante, considerando que Hope já inicia o
filme como vencedor tendo superado a infância pobre e atingido o sucesso com fama e dinheiro. Mas
Billy continua o mesmo homem na essência, dominado pelo temperamento explosivo,
se mostrando pouco articulado e de pouca instrução. São estas as
características que delimitam sua jornada e marcam a necessidade de
transformação do protagonista.
Em
termos estéticos Fuqua, traz o espectador para dentro do ringue para que este
experimente os golpes desferidos sem piedade pelo oponente, com o uso da câmera
em ponto de vista (quando a pessoa que segura a câmera assume o olhar do
personagem e mostra o que ele está vendo). É quase possível sentir o sangue
voando pela tela numa atmosfera crua de socos surdos em câmera lenta.
É
muito difícil fugir do lugar comum em um filme de boxe. Este universo esportivo
já foi completamente exaurido e muito bem retratado em produções como “Touro
Indomável”, “Rocky: Um Lutador”, “Menina de Ouro” e “O Vencedor”,
para citar alguns. Apesar deste filme patinar nos clichês pertinentes aos
filmes de luta (o adversário óbvio, o fundo do poço e a luta final épica) é nas
atuações que “Nocaute” se mostra uma boa peça de entretenimento.
Forrest
Whitaker está excelente como um treinador veterano e Rachel McAdams entrega uma
das suas melhores atuações em tempos. Mas quem verdadeiramente rouba a cena é a
novata Oona Laurence, que interpreta a filha de Gyllnehaal. A menina é uma
força genuína em cena e já apresenta muita consistência apesar de sua pouca
idade.
Assista ao trailer:
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